sexta-feira, 7 de maio de 2010

Marilinha, Marilinha !!!

Marilinha...

É assim que meu pai a chama e que nós todos imitamos.
O que falar da minha mãe que até hoje está trabalhando nos seus jardins diariamente. Que sempre esteve animada para fazer qualquer mudança. Que já passou por poucas e boas, mas sempre deu a volta por cima. Que tem o maior bom gosto na vida. Que cozinha como ninguém. Que trata meu pai como um príncipe encantado. Que tratas os netos como tesouros.
Enfim, vou falar da minha mãe minha companheira de viagens.
Depois do meu pai, acho que fui eu a que mais viajou com ela, só nós duas.
Começamos por Buenos Aires, aquelas viagens que fazíamos para comprar casacos, mocacins e botas.
Lembro de uma em particular que resolvemos comprar além das botas, duas celas! Estávamos sempre tendo ataques de risos e quando resolvíamos gastar as solas dos sapatos para que eles parecessem usados por causa da alfândega!
Subíamos no quarto, colocávamos sapatos novos, ficávamos na frente do hotel de um lado para o outro esfregando os pés no chão até as solas ficarem marcadas. Subíamos de novo, colocávamos os sapatos do meu pai, do meu irmão, de quem quer que fosse, descíamos e começávamos a andar e a rir muito. Ninguém entendia nada, e nós fazíamos isto até acabar todos os sapatos novos, botas e era uma tolice, mas nos divertíamos e achávamos que com isso ninguém poderia nos parar na alfândega.
Chegávamos ao cúmulo de eu colocar as botas do meu irmão e ela as do meu pai, botas de equitação, e vínhamos no avião com elas e andávamos como aleijadas porque elas eram tão grandes que não dobrávamos os joelhos. Aí é que não parávamos de rir até chegarmos a São Paulo.
Nova Iorque era o paraíso para nós duas! Sempre em hotéis que jamais estive com outras pessoas, Plaza e Waldorf Astória, uma folga danada! Sempre dividíamos o quarto e depois de largar as malas, saíamos para bater pernas.
Fomos a milhões de restaurantes, óperas, concertos, cinemas! Fomos a todo tipo de lojas, museus, parques, mas sempre como se estivéssemos descobrindo o mundo!
Curtíamos tudo que passava pela nossa frente, sem perder um minuto, dando muita risada e só parávamos quando não agüentávamos mais. Caíamos desmaiadas na cama para começar tudo de novo no dia seguinte.
Minha mãe adora comprar presentinhos e enquanto não acabava com a listinha dela de presentes para os netos, para meu pai, para o fulano, beltrano não tínhamos sossego.


Este sempre foi um privilégio meu, viajar com ela.
Quando meu pai não queria ir, meus irmãos nunca queriam também, então sobrava para mim!
Ainda bem, porque fiz várias viagens e sempre todas muito divertidas e cheias de histórias.
Nova Iorque ela mandava e desmandava porque até hoje ela se sente em casa por lá, mas em Londres, este já era meu território e quem mandava era eu.
 Nunca me esqueço quando ela foi me buscar depois que eu morei em Londres, e arranjei duas entradas para ver a Ella Fitzgerald. Parecíamos duas adolescentes, só faltou gritarmos de alegria.
Quando nevou e Londres e estávamos tomando chá na Fortune and Maison, saímos como loucas para comprar botinhas forradas para neve e ficamos pelas ruas até parar de nevar. No 11 Cadogan Garden, a chave do quarto caiu no poço do elevador...
Em Nova Iorque, os almoços no Central Station, para comermos ostras, sopas de mariscos e vinho, muito vinho. No bar do Plaza, ostras à Rockefeller, Dry Martines, os Blue Shots no Gino.
Lagostas!!!! Imbatíveis !!!
Pretzel, que eu adoro.
Quantas vezes vimos acender a árvore de Natal no Rockefeller Center.
A pipoca no cinema era a maior novidade, aqueles baldes que não existiam em outro lugar, coisa de americano, trocávamos pelo jantar.

Em Londres lembro que a levei na primeira loja da Laura Ashley, no primeiro Hard Rock Café.
Uagamama, daquela metade de pato comprada no Harrod `s e todos os concertos que acabavam em cima da hora de fechar o metrô, e saíamos como loucas pela ponte, atravessávamos o rio com todo mundo correndo em vez de tomar um taxi.
Os ônibus em Londres, 21, 19, e a carteirinha que sempre a obrigava  fazer no primeiro dia...
Comprar coisas para as crianças, primeiro Rafael, Joana...agora Antônio, Dora.
O maravilhoso Kew gardens com aquelas botinhas de chaveiro, museus pra todo lado e exposições variadas com filminhos. Compra nas lojinhas dos museus... as melhores!
Comidinhas das melhores lojas levadas pro quarto, uma trufa que deixou com um cheiro horrível no armário e depois na mala. Roubos de geléias, mostardas, para os sanduíches dos pic-nics. Chás , chás e mais chás para aquecer.

Em Paris, no nosso primeiro dia comi um escargot estragado, peguei uma infecção e fiquei os 10 dias sem poder olhar para comida.
Aquele francês que dava em cima de mim e que ficamos pra lá e para cá com a mãe dele e eu passando mal e disfarçando.
Nem pudemos ir para a estação de esqui, tivemos que cancelar.
Lembra?? Eu lembro de tudo !
Em Veneza, perseguimos um gondoleiro por vários canais, dávamos susto nele e caíamos na gargalhada!
Acho que ele cantava e estava gostando.O Hari`s Bar que tomamos Negrone.
Foi a primeira vez que comi um risoto de lulas com a tinta.

Nossa! Como é bom viajar, e viajar com uma pessoa que adora tudo que você adora, que é animada, companheira e entende das coisas.


BON VOYAGE !!! MERCI !!!
          TE ADORO.






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