quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Torrone

Minha sogra Joaninha fez anos e eu dei um torrone, entre outras coisas, pra ela.


Me ligou dizendo que adorou o torrone e que ele era lindo!

Eu também adoro!

Quando ela me telefonou lembrei do Salim.

Na minha rua, no Cosme Velho, toda a tarde passava um senhor com uma cesta de palha nos ombros cheia de guloseimas e ele tocava um instrumento que fazia ling-ling. Como aquele que tinha na praia vendendo pirulito de açúcar queimado e biscoito enroladinho no saquinho de papel, ling-ling. Um pedaço de madeira com um ferro que vai balançando na palma da mão e o ferro vai batendo na madeira fazendo o som e chamando a atenção das pessoas.

Salim era o nome dele. Sempre queríamos alguma coisa, ou pão doce, chiclete, pé de moleque ou torrone.

Torrone era bem pequeno com duas camadas de hóstia por fora, no meio bem grudento e branco e com amendoim. Era o mais baratinho.

Não era todo dia que tínhamos dinheiro para comprar. Era um inferno conseguir. Ficávamos pedindo fiado, para as empregadas, minha mãe sempre estava trabalhando, não tínhamos da onde tirar. Ou melhor, tínhamos sim!

Meu irmão e eu nos vistamos com as roupas mais velhas e sujas possíveis, nos lambusávamos de terra, sentávamos no muro da nossa própria casa e ficávamos pedindo esmola.

É isso mesmo: Uma esmolinha, por favor!

Os vizinhos achavam graça e davam umas moedinhas.

Não lembro se a Gilda participava desta brincadeira conosco, éramos tão pequenos que achávamos que ninguém estava nos reconhecendo.

Quando o Salim passava já tínhamos dinheiro para o torrone.

Lembro de vender minhoca com a Gilda para a Lúcia, nossa vizinha da frente. Dávamos nome para elas e tudo. E assim íamos nos virando...

Tinham as cigarras também! Outra história...
Um amigo meu lembrou bem: o instrumento é a matraca e o biscoito é o biju!!! Brigs Ucho!! beijo!

Um comentário: