quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Joãozinho Boa Pinta faz anos!



Toda essa minha paixão pelo mar veio dele.

Quando chegava em casa depois da pescaria nem lavava as mãos para agente, bem pequenos, podermos chupar o sal dos dedos das mãos dele, gosto de mar!

Chegavam os peixes para o jantar, as lagostas, depois os convidados...

Saía do trabalho direto para o Marimbás e de lá para a pescaria e depois minha mãe ia buscá-lo porque neste tempo tínhamos um carro só.

Uma brincadeira que sempre fazia conosco era uma na cama, ele ficava deitado com os joelhos para cima e nós sentávamos neles, colocava as duas mãos abertas como comando e íamos apertando os dedos até que os joelhos abriam e caíamos na cama. Era uma farra!

É um dos mais conhecidos em todos os restaurantes que freqüenta e o mais querido dos fregueses, porque acaba conhecendo todos do lugar, conversando com todo mundo, sabendo da vida, ficando amigo, dando palpites, falando besteiras, levando vinhos, sabendo o nome de um, de outro, Sr. João pra cá, Sr. João pra lá.


Em todo lugar que ele passa fica conhecido, acaba sendo paparicado por todo mundo.

Tenho um monte de cartas que ele me escreveu no tempo que morei em Londres, para mim ele deveria ser escritor. Do jeito que ele conta os casos dele... Não existe ninguém que conte casos como ele.


Deveria escrevê-los todos, estamos perdendo muito com isso.

Nós que o conhecemos sabemos, mas quem não o conhece, estes sim não sabem o que estão perdendo!

Ele já criou desde cobras, passarinhos, pombos, cabras, escargots, sei lá mais o quê, não me lembro agora.


Neste clube, Marimbás, o barco dele era chamado, Barco Escola, porque saía com um monte de crianças para pescar, além dos filhos, alguns sobrinhos. Tinha um monte de pés de patos de todos os tamanhos, snorkels, máscaras. Ele ensinava como mergulhar, arpoar, pegar lulas à noite para iscas de manhã na pesca de corrico.





A gente mergulhava, apanhava areia no fundo do mar, voltava , cuspia a água de dentro do snorkel sem tirar a cara do mar, mostrava a areia levantando a mão para fora  e só então podia respirar e tirar a cara pra fora.

Meu pai detesta praia, areia nem pensar... Só mar!

Pescava muito, participava de campeonatos de caça submarina.

Escrevia no Correio da Manhã sobre isso, adorava esse assunto até mudar para São Paulo e aí foi parando.


Mesmo assim ainda fomos muito para Cabo Frio. São Paulo direto para Cabo Frio.

Lá ele nem ia à praia, ia direto para Arraial do Cabo antes do dia amanhecer pegar o barco e sair para pescar. Só voltar antes do almoço com os peixes, lagostas, algumas lulas. Quem quiser que fosse. Voltavam todos queimados e exaustos, felizes da vida e preparados para fazer isto no outro dia se o mar estivesse para peixe!


Hoje não tem mais pescarias, tem surf, pula onda como ele diz, e nós todos adoramos o mar:  filhas, netos e bisnetos!

Parabéns pai!



Muitos anos de vida! Te adoro!

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