sábado, 18 de setembro de 2010

Ser ou não ser uma pitanga??

Pois é, para vocês verem como a vida está complicada, fiquei a noite toda me imaginando uma pitanga aqui nesta árvore no quinto andar, num prédio no meio de São Paulo, longe do chão, plantada numa caixa d´água, sem receber chuva direta, mas sendo regada todos os dias, adubada e cuidada paparicada até, mas numa caixa, não no chão.



Desde que nasceu a pitanga, verdinha, pequenininha, fico pensando como é ser uma pitanga neste pé de Pitangueira.

Aqui em cima será que vai amadurecer direito? Toma sol? Esse vento que não tem lá em baixo atrapalha?

A árvore parece que está bem adaptada, brotando por todos os lados, encheu de flores, agora está cheia de frutos, mas...

Não vejo ninguém querer comê-los. Os passarinhos passam por aqui e nem se dão ao trabalho de parar. Procurei e vi duas pitangas picadas. Eu mesmo não tive vontade de provar para ver se estava doce, achei que ainda não estavam maduras.

Gostaria mesmo que fosse comida por um passarinho e que ele fizesse cocô bem longe daqui num terreno baldio ou numa praça para que nascesse de novo no chão.

Gostaria também de virar uma geléia de primeira como aquelas que minha avó fazia, ou eu mesmo faço, quando o pé fica cheio de pitangas que o chão acaba ficando vermelho.


Aquelas que nascem nas ilhas em Paraty e agente fazia umas caipirinhas no meio do mar e cuspia os caroços na praia e elas ficavam por lá mesmo.

As que ficam espalhadas pelas praças e a gurizada comem e cospem sem prestar a menor atenção, as docinhas, as azedinhas, as laranjas, as vermelhas pequenininhas, as grandotas, as amargas, as do Norte...

Ando tão confusa da minha vida quando esta pitanga, coitada!

Não sei se estou gostando de amadurecer neste pé de pitangueira, se vou ser comida por algum passarinho, se vou virar geléia, se vou ser cuspida na praça, se vou pro esgoto, se vou cair no próprio pé e renascer no mesmo lugar...


Acho que não quero mais ser pitanga! Muito complicado!!

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