O Antonio está na fase de querer fazer tudo sozinho, inclusive comprar suas figurinhas, pagar o sorvete, pegar o dinheiro que sai do banco e guardar na bolsa dele, tomar banho mesmo que seja depois de um dia inteiro na praia... Essas coisas de independência...
Já passei por isso com meus filhos, já passei por isso com meu irmão.
Morávamos no Cosme Velho, perto do bondinho que vai para o Corcovado.
Lá tinham duas coisas que agente adorava: um baleiro que vendia as balas e chocolates para quem pegava o bondinho e um pipoqueiro que namorava a nossa empregada e nos dava pipoca de graça para agente não incomodar enquanto ele conversava com ela.
Sempre era bom descer e ficar um pouco por lá brincando no fim de tarde quando pegávamos pão para o jantar. Era um passeio que fazíamos quase todos os dias durante algum tempo, meu irmão, Laurinda e eu.
Certo dia, o Joãozinho e eu encontramos um montão de notas de dinheiro numa gaveta no quarto dos meus pais.
Devíamos ter 4 ou 5 anos no máximo!
Minha mãe já trabalhava em jardim e tinha recebido algum pagamento e guardado para comprar um tapete, coisa que vim saber muito mais tarde.
Quando achamos aqueles dinheiros ficamos eufóricos!
Já sabíamos que podíamos trocar por coisas no baleiro, sempre víamos as pessoas fazerem isso.
Pegamos uma nota e lá fomos nós para o bondinho para ver o que iria acontecer.
Chegando lá o moço disse para voltarmos e trazermos algumas latas ou sacos porque íamos levar muita coisa.
Voltamos para casa mais do que empolgados, mas já achando que tinha alguma coisa de errado, por isso não contamos para ninguém. Ia ser nosso segredo!
Levamos umas latas de biscoito, duas ou três, não me lembro e voltamos.
O moço encheu tudo com pirulitos, chocolates, drops Dulcora, Frumello e Mentello, chiclettes e assim de uma hora para outra tínhamos uma loja de balas em nossas mãos!
Estranho...
Voltamos um pouco envergonhados para casa.
Aonde vamos colocar isso tudo?
Debaixo do sofá, é claro! É segredo...
Não deu um dia, alguém foi limpar a casa e descobriu o segredo.
Nem sei como? Estava tão bem escondido!
Minha mãe pegou tudo, encheu as latas , pegou nós dois e foi a pé pela ladeira a baixo furiosa, não com a gente, por incrível que pareça!
Chegamos ao baleiro ela pegou o sujeito pelos colarinhos, pediu o dinheiro de volta, quase esbofeteou o moço e jogou todos as nossas balas em cima dele e no balcão.
Pegou o dinheiro, pegou nossas mãos, voltou quase correndo ladeira a cima e não disse um som...
Não levamos bronca, não entendemos nada...
O pior é que eu acho que já contei esta estória, mesmo assim eu adoro e sempre conto de novo!
sábado, 11 de dezembro de 2010
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